quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Este é o prato que o restaurante da vida me serve


De volta depois de muito tempo. Sigo a minha sina de viver no meio de um fogo cruzado. De um lado a hipoglicemia, que me faz acordar todo dia com um maldito enjoo e aquela maravilhosa sensação de que vou morrer. Do outro lado os desatinos de um estômago que resolveu me pegar para Cristo e me fazer pagar por todos os pecados acumulados ao longo de minhas reencarnações. Queimação 24 horas e uma crise semanal que começa com uma cefaleia, dorzinha maldita que aparece sempre acima do olho esquerdo. Essa cefaleia é o sinal de que o que já está ruim vai ficar pior ainda. Com ela vem o enjoo, com o enjoo os vômitos, e de mãos dadas com os vômitos vem a diarreia. A situação fica cômica quando tenho que vomitar e cagar ao mesmo tempo. Outro dia, sentado no vaso sanitário, levantei-me muito depressa para vomitar e dei com a testa na torneira da pia do banheiro. A bunda borrada, a pia toda lambrecada e um galo na testa. Tem vez que depois de vomitar e cagar até a alma, a coisa melhora. Tem vez que só melhora quando vou para o hospital receber medicação na veia. Aí, minha gente, aquele tempo que passo com o soro entrando pela veia são minutos que passo no inferno. Um mal-estar lascado, uma irritabilidade do cão. Minha vontade é de sair gritando feito louco. Mas gritar pra quem? Gritar pra quê? Este é o prato que o restaurante da vida me serve. É o único que tem. E tenho que comê-lo tentando me consolar dizendo a mim mesmo: tem gente mais lascada do que eu neste mundo. E o pior é que tem.