quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Este é o prato que o restaurante da vida me serve


De volta depois de muito tempo. Sigo a minha sina de viver no meio de um fogo cruzado. De um lado a hipoglicemia, que me faz acordar todo dia com um maldito enjoo e aquela maravilhosa sensação de que vou morrer. Do outro lado os desatinos de um estômago que resolveu me pegar para Cristo e me fazer pagar por todos os pecados acumulados ao longo de minhas reencarnações. Queimação 24 horas e uma crise semanal que começa com uma cefaleia, dorzinha maldita que aparece sempre acima do olho esquerdo. Essa cefaleia é o sinal de que o que já está ruim vai ficar pior ainda. Com ela vem o enjoo, com o enjoo os vômitos, e de mãos dadas com os vômitos vem a diarreia. A situação fica cômica quando tenho que vomitar e cagar ao mesmo tempo. Outro dia, sentado no vaso sanitário, levantei-me muito depressa para vomitar e dei com a testa na torneira da pia do banheiro. A bunda borrada, a pia toda lambrecada e um galo na testa. Tem vez que depois de vomitar e cagar até a alma, a coisa melhora. Tem vez que só melhora quando vou para o hospital receber medicação na veia. Aí, minha gente, aquele tempo que passo com o soro entrando pela veia são minutos que passo no inferno. Um mal-estar lascado, uma irritabilidade do cão. Minha vontade é de sair gritando feito louco. Mas gritar pra quem? Gritar pra quê? Este é o prato que o restaurante da vida me serve. É o único que tem. E tenho que comê-lo tentando me consolar dizendo a mim mesmo: tem gente mais lascada do que eu neste mundo. E o pior é que tem. 

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Ô banco fuleiro, esse do Brasil.

Como disse, não quero fazer deste blog uma fonte de baixo astral e depressão. Por isso, vou tentando aqui e ali colocar um pouco de humor na tragédia que é carregar duas doenças crônicas. Dessa vez narro um apuro que passei na agência central do Banco do Brasil aqui em Uberlândia. Certa feita, estava no 3º ou 4º andar do prédio da agência. Pra variar, numa fila interminável. Quem frequenta o bb sabe como é. E eis que depois de uns sei lá quantos minutos de espera, o intestino começou a piar fino. Dali a pouco começou a engrossar a voz e, por fim, berrou de vez. E quem faz uso contínuo de Pantoprazol, omeprazol, lanzoprazol e similares sabe que quando o intestino dá de querer expulsar o cocô não tem jeito que dê jeito. Vem aquele gás empurrando tudo pra baixo. E aí é assim: se tem banheiro perto, sorte sua. Se não, arreie as calças ou vai borrá-la toda. Como eu sou expert nessas descargas intestinais, já suando, chamei o guarda: "Seu guarda, por favor, tem um banheiro que eu possa usar?". O guarda, num "nem te ligo" de dar inveja à Dama de Ferro, responde: "Aqui tem banheiro, mas é só pra funcionários, então segura a onda aí!". Eu sabia que o final seria trágico, mas ainda fiz um último esforço na tentativa de segurar, só que aí o intestino deu xilique de vez e, pra botar mais pressão, começou uma contagem regressiva. Sabe como é, né, aquele último gás que sai trazendo o aviso: "o próximo vem acompanhado de muita merda". Eu então voltei a interpelar o guarda: "pergunta pro pessoal aí se não liberam o banheiro, a coisa tá feia aqui, amigo" e fiz aquela cara do gatinho do Shrek. Nada.  O guarda fechou a cara e soltou: "se quiser se arriscar, no 1º andar tem um banheiro. Pede lá". Ótimo, pensei, saio correndo, procuro o guarda lá embaixo, troco um lero com ele e beleza, terei um vaso só pra mim. E a contagem regressiva a todo vapor. Como não deu pra pegar elevador (pra dizer a verdade, nem sei se lá tem. Se não tem wc, elevador muito menos. E vai que está em manutenção ou viajando pelos outros andares), saí correndo pela escada.  E dê-lhe dor de barriga, suor, contorcionismo pra segurar a onda. Finalmente chego ao 1º andar. Cadê o guarda, pelo amor de Deus, cadê o guarda? Opa, lá está ele. Por ironia, parecia que estava voltando do banheiro. De guarda é que não estava. Corro em direção ao guarda como o cego corre em direção a quem vai restituir sua visão, já pálido de tanto segurar. "Seu guarda, pelo amor de Deus, me deixa usar o banheiro. Tô no limite". E parti pra ignorância: "Se você não liberar, desço as calças e cago aqui mesmo!". Eu estava no meio da agência. Seria um espetáculo com público garantido (com direito a MG TV, Jornal Nacional etc.). Eu estava pálido e suando mais que tampa de marmita. Então pensei: de pena, ele vai pegar no meu braço e dizer: "me acompanhe até o banheiro". Ledo engano. O cara, numa frieza de assustar, disse, apontando o dedo: "tá vendo aquele cara lá? É gerente. Se ele autorizar, você pode usar o banheiro". Não acreditei. Eu cagando nas calças e o cara me manda pedir autorização ao gerente? Olho e vejo dois caras sentados em sua mesa e atendendo clientes. Eu pensei "que legal, enquanto o cara abre uma poupança, eu lambuzo a minha". Então entrei no meio do negócio e disse: "por favor, estou desesperado, vou cagar nas calças e o guarda me disse que você é que libera o banheiro". Bom, o leitor e amigo deve estar pensando: "o cara entrou em pânico, deu um pulo da mesa e foi correndo mostrar o banheiro". Se foi isso que o amigo pensou, eu digo mais uma vez: "ledo engano". O cara esticou o braço, apontou para o outro gerente e disse: "pede praquele cara lá, ó!". Como a tragédia depois de um certo ponto vira comédia, comecei a rir de mim mesmo naquela situação. E aí fica a pergunta: será que em cumprimento às regras de uma empresa, nós devemos deixar outro ser humano se lascar na nossa frente? Cadê a consciência dos caras? Tem cara que em nome de manter o emprego deixa a própria mãe cagar em público. Alguém duvida? Eu tenho pena de gente assim. E os bancos no Brasil são tudo filho-da-puta. Não cumprem a lei que determina o prazo máximo de espera do cliente, e a justiça além de cega, cruza os braços. Não faz nada. Ora, se o cara tem que ficar duas horas numa fila, pelo menos oferece um banheiro, cacete! Eu sei é que eu olhei pro guarda, que estava distante e ele entendendo que o cara havia autorizado, finalmente me chamou e apontou a direção do banheiro. Eu corri mais que o Usain Bolt nos 100 metros rasos. Dei aquela sentada no vaso e descarreguei geral. E bem fedido que era pra me vingar da disgramera daquele banco. Ô banco fuleiro, esse do Brasil. 

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Não volte mais!

Dia 23/02/2012 foi um dos mais terríveis dias de minha vida. Depois de tirar sangue pela manhã para exames e fazer uma endoscopia, passei o resto do dia com o estômago hiperazedo. Resultado: dor de cabeça, mal-estar, enjoos, náuseas e, por fim, pronto-socorro. Como não quero que você passe mal nem adoeça lendo este blog, vou procurar narrar com menos sofrimento, mais levemente, a desgraceira que foi. Por volta das 20h cheguei à clínica onde tinha feito a endoscopia. Minha esposa havia ligado para a doutora, de quem sou paciente, e a mesma disse que queria me ver antes de me encaminhar para o pronto-socorro. E lá vou eu, já pedindo a Deus que mandasse a morte como alívio, passar por uma "consulta". A doutora me olhou, apertou a barriga, prescreveu remédios (aqueles de sempre, que nada resolvem), falou que a endoscopia foi ótima, que eu não tinha com que me preocupar, não tinha nada de mais grave (e eu morrendo) e me mandou para o pronto-socorro, onde, segundo ela, o Dr. responsável pelo plantão me receberia ao som da orquestra sinfônica de Berlim. Ótimo, pensei eu. Pelo menos vou chegar lá, me enfiarão logo numa maca e o soro na veia, eu apago e acordo novinho em folha. Ledo engano. O negócio é o seguinte, enquanto a ficha não fica pronta e a operadora de plano de saúde não autoriza, pode gemer, minha nega. Se tiveres que morrer, morrerás. A indicação de seu médico vale menos que dez centavos de real. Até me puseram pra dentro do pronto-socorro, me aprontaram uma maca, mas alívio pro meu sofrimento nem pensar. Fiquei uns 40 minutos com o Diabo sentado numa cadeira ao lado, olhando pra mim e cantando sua canção preferida. Um carinha, pra aumentar a desgraça, foi lá medir minha pressão. Certamente alguém deve ter dito "pelo menos mede a pressão do cara, vai que dá de morrer aqui dentro. Por falar nisso, quem foi o filho-da-puta que pôs esse cão sarnento pra dentro do pronto-socorro?". Pois eu digo quem foi: foi o segurança, com uma cara feia e contrariado pra burro. Por ele eu ia gemer lá na calçada. Nessa hora, minha gente, semo tudo indigente. Bom, mas enfim lá estava eu à espera da beneplacência da operadora de saúde. Se ela dá pra trás, aí sim eu tava ferrado de vez. Então parei de rogar a Deus a morte, porque pelo risinho sádico do Cão eu vi que não morreria, passei a rogar à operadora de saúde. Rezei, rezei, rezei. Pimba! Eis que o Dr., com aquela calma de sempre, depois de já ter estado comigo umas 3 vezes dizendo "já já te atendo", vem com a medicação. 
E aí eu queria entender certas coisas que não dá pra entender. Se o nome do troço é pronto-socorro, não deveria haver lá um prontoatendimento? As pessoas não deveriam ser recolhidas de imediato e medicadas? Na verdade, o hospital trata a gente como objeto de um negócio que ele tem com a operadora de plano de saúde. As operadoras pagam para que o hospital nos atenda. Então tudo se resume numa questão: "quem é que vai pagar a conta?" Como é a operadora que paga, enquanto o médico não tem o sim dela você fica lá na fila de espera, que começa com a retirada de uma senha saída de uma máquina. Bacana, você morrendo pega uma  senha com 4 mil pessoas na frente. Um absurdo isso. Cadê a tão propagandeada humanização do atendimento? O desespero é tão grande que acontece de a pessoa chegar no médico já curada. Esperou tanto, sofreu tanto que quando o médico pergunta "o que o senhor tem?", o cara diz: "nada, doutor, me sinto ótimo". Tá rindo né? Mas isso já aconteceu comigo. A espera, ou melhor, a agonia me curou. E há casos em que a pessoa simplemente se levanta do banco (banco uma ova, uma cadeira horrível sem conforto nenhum) e vai pra casa. Duvideodó que o filho do médico diretor do hospital passe pelo pronto-socorro do hospital que ele dirige. Pra fazer justiça, deveriam corrigir a inscrição 'pronto-socorro', que está na fachada, pela frase de ordem "não volte mais aqui!". Porque naquele pronto-socorro onde estive não volto nunca mais. Morro, mas não volto. Palavra de escoteiro!

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Hipoglicemia. Como descobri que tinha.

Hipoglicemia crônica
A obrigação da comida

Tudo começou com sintomas que passei a sentir quando jogava futebol. Em alguns jogos parecia que o equilíbrio do corpo não estava legal. Os reflexos ficavam comprometidos e eu não conseguia fixar muito bem a vista. Era como se eu estivesse meio fora do ar, meio fora de sintonia. Em jogos de futebol de salão, às vezes ia pisar sobre a bola para dominá-la e ela passava sob meu pé. Isso me mostrou que também a noção de distância estava ficando comprometida juntamente com os reflexos e a coordenação motora. Não tardou a aparecerem sintomas mais evidentes da hipoglicemia. No horário do almoço, eu ia para casa caminhando, e havia dias em que sentia a pressão cair e suava de molhar toda a camisa. Junto com isso batia uma fome fora do comum. Uma vontade de comer um boi inteiro. Então resolvi consultar meu médico de confiança, e ele decretou: você sofre de hipoglicemia. Muito provavelmente seu organismo não tem a enzima que é responsável pela quebra do açúcar antes de a mesma ser transportada para o sangue. Esse diagnóstico veio porque não se tratava de uma crise de hipoglicemia eventual, o que é comum e pode ocorrer com qualquer pessoa, mas de sintomas frequentes. Isto é, não se tratava de um episódio de hipoglicemia, o fato é que eu sofro do mal de forma permanente ou crônica.
E junto com o diagnóstico veio a dieta: alimentação de 3 em 3 horas, com preferência para alimentos ricos em carboidrato. Disse o médico que para o meu caso o açúcar deveria ser abolido da alimentação. Explicou que no caso de a glicose estar muita baixa, a ingestão do açúcar pode fazer com que a glicose suba de forma muita rápida, o que pode causar um choque de graves consequências ou levar a um terrível mal-estar. E de fato, se me alimento do açúcar ou como qualquer alimento muito adocicado, o mal-estar é imediato. Se faço isso durante a crise de hipoglicemia, o mal-estar é pior ainda.
A dieta para o meu caso consiste na ingestão de alimentos ricos em carboidrato (pão, bolacha, arroz, macarrão, batata etc.). Isso porque o carboidrato, após digerido pelo organismo, se transforma em açúcar. Como essa transformação é lenta, o açúcar chega ao sangue sem causar mal-estar. Isto é, eu me alimento do açúcar de forma indireta. Isso vale para as frutas. Tenho que dar preferência para aquelas menos adocicadas. Banana, por exemplo, não posso comer se não for durante as refeições (durante o almoço ou jantar). Se como ela sem acompanhamento, tenho problemas. Orientou-me o médico que de preferência devo comer frutas (maçã, ameixa, pêssego etc.) sem descascar porque a casca torna a digestão mais lenta, o que para mim é vantajoso.
Não sofro tanto com os sintomas da hipoglicemia porque sigo a risco a dieta. E também não há como não seguir. Se eu fico sem comer por 3 horas e meia a 4 horas, o bicho pega. O mais chato de tudo isso é que você fica na obrigação de comer, o que interfere significativamente na sua vida. Se vai sair tem sempre que levar algo pra comer. Se está no meio de uma reunião, tem que sair pra se alimentar. Se está no meio de uma atividade legal, tem que abandonar pra se alimentar. Isso vai transformando sua vida social num inferninho. A hipoglicemia passa a controlar você. É sua senhora, e você o escravo.   

Se o escravo desobedece à senhora e fica muito tempo sem se alimentar, tem início o mal-estar. Primeiro a sensação de que algo está apertando minha cabeça, depois uma sensação de formigamento nos lábios, palidez, a pressão despenca e dá-lhe suor. A camisa fica toda molhada. Nessa hora vem um apetite de comer um boi inteiro. Mas se não me alimento nessa hora, daí a pouco começo a ter um princípio de enjôo, o apetite vai embora e tenho que comer na marra.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Odisseia de um hipoglicêmico e doente do estômago

Como tudo começou
Nos idos de 1995 comecei a sentir queimação com muita frequencia e a combatia com antiácido (sal de frutas Eno). Num determinado momento o antiácido mostrou-se ineficaz e passei a ter crises de vômito que só eram interrompidas com medicação intravenosa no pronto-socorro. Nas crises o vômito e a diarreia sempre agiam juntos. Depois que os vômitos iniciavam acontecia a soltura do intestino.
Procurei meu médico de confiança (cardiologista e clínico geral), que havia descoberto minha hipoglicemia e o mesmo, por intermédio de endoscopia, diagnosticou que eu sofria de refluxo gastroesofágico. De imediato receitou-me ele o medicamento Domperidona. O medicamento mostrou-se ineficaz e não pôs fim às intensas e frequentes crises de vômito que invariavelmente me levavam ao hospital para receber medicação intravenosa. Então passamos para o Omeprazol, mas a coisa não melhorou. Pelo contrário, piorou porque o medicamento estava interferindo nos batimentos cardíacos (causava taquicardia ou lentidão nas batidas).
Por volta do ano de 2003, procurei um especialista, que me receitou Lanzoprid 30, associação de Lanzoprazol 30mg + Bromoprida 10mg. O medicamento mostrou-se eficaz no combate da queimação, mas ineficaz na prevenção das crises de vômito. Outro problema é que o medicamento me transformou num morto-vivo. A Bromoprida, que é excelente no combate do enjoo e no esvaziamento do estômago, por outro lado provoca muita sonolência e me leva a um estado de total prostração. Como estava interferindo demais no trabalho (eu mais dormia que trabalhava) e na minha vida pessoal (não tinha ânimo para nada), tive que abandonar a medicação.
Procurei outros especialistas por cujo intermédio passei a experimentar outros medicamentos da família Prazol, cada um deles com sua eficácia, mas também com seus efeitos colaterais, como relato aqui:

Domperidona: tranquilo em relação a efeitos colaterais, mas ineficaz contra a queimação e as crises de vômito. Como tem motilium em sua formulação, deveria melhorar o funcionamento do estômago, mas mostrou-se ineficaz também nesse ponto.
Omeprazol: me provoca taquicardia, interfere nos batimentos cardíacos, fico com a sensação de que vou morrer a qualquer momento.
Pantoprazol 40mg: o mais amigo no que diz respeito a efeitos colaterais, praticamente não sinto nada de anormal. O problema é que não é muito eficaz no combate à queimação. Tomei dois comprimidos por dia durante uns 3 anos, e a queimação persistia.
Lanzoprazol 30mg: é o que tenho utilizado atualmente. Tem interferido nos batimentos cardíacos e provocado tonturas, fico às vezes com a sensação de que vou desmaiar, com vertigem e fraqueza nas pernas e nos braços. O Lanzoprazol conteve um pouco as crises de refluxo, coisa que o Pantoprazol não conseguiu.  
Prazol 30mg: por mais que os farmacêuticos digam que é o mesmo Lanzoprazol, não tive tantos efeitos colaterais negativos com ele. O problema é que ele some de circulação. Não sei se pelo fato de ser mais barato, e aí entra a tal da máfia das farmácias. Como não o encontrava, fui obrigado a utilizar o Lanzoprazol, que pode estar me prejudicando sensivelmente.
Outro medicamento que cheguei a experimentar foi o Nexium, mas não percebi também muita eficácia e o valor é absurdo.
Do grupo dos antiácidos também já experimentei praticamente de tudo, mas se mostraram ineficazes. Até dão uma sensação de alívio num primeiro momento, mas em seguida a queimação volta com a mesma intensidade. Além da ineficácia, todos, sem exceção, me provocam sonolência, misturada com irritação, sintomas que juntos acabam se transformando num mal-estar em que concluo ser melhor não tomá-los porque o benefício não compensa tudo de ruim que os medicamentos provocam. Entre esses medicamentos estão o Magnazia e os comprimidos mastigáveis ou de diluição na boca, geralmente derivados da mistura de alumínio com magnésio.
Junto com o Lanzoprazol 30mg, tenho tomado o Almeida Prado nº 38, que tem se mostrado muito eficiente no combate ao enjoo. Substâncias que estão na sua fórmula: KREOSOTUM, NUX MOSCHATA, COCCULUS INDICUS e PETROLEUM. 
Como estou tomando os dois concomitantemente, me parece sensato suspender o uso de um e depois do outro e por fim dos dois simultaneamente para ver se é um ou outro que tem me feito mal ou se é a associação dos dois. Como essas tonturas coincidiram com o momento em que passei a ingerir o Lanzoprazol, estou inclinado a concluir que é ele ou então a associação dos dois. Se bem que os remédios para enjoo também levam a um estado de fraqueza e sonolência. Então pode estar havendo o seguinte: o Almeida Prado 38 entra com a fraqueza e a sonolência e o Lanzoprazol entra com a disrritmia cardíaca. Isso junto provoca uma sensação de desmaio, desfalecimento. Voltarei a tomar o Pantoprazol. Num primeiro momento vou experimentar a associação dele com o Almeida Prado 38. Caso as tonturas continuem, aí corto o Almeida Prado 38 e fico só com o Pantoprazol. Se os sintomas desaparecerem, terei meu veredito. Se persistirem, aí posso considerar, inclusive, a possibilidade de uma outra coisa (outro problema não diagnosticado ainda), porque o Pantoprazol nunca me causou tonturas. Como já afirmei, é o que menos mal me faz. O ideal seria experimentar a ingestão solitária do Almeida Prado 38, mas isso é impossível. Dois dias sem um dos remédios para refluxo é terrível. Experimentei isso quando fiz PH Metria e não pude tomar esses remédios. Depois do exame passei vários dias queimando, com crise de refluxo, até que voltasse à normalidade.

Interferências do clima no funcionamento do estômago.
Parece ficção, mas não é.
É simples: invernou, o tempo fechou, faz frio durante 2 ou 3 dias seguidos, e pronto, o estômago faz as malas e sai de férias. Trava geral, é incrível. Tudo que como fica no estômago e só sai com vômito. Se o tempo está limpo, com sol e calor, é a vez da queimação. O estômago até que trabalha, mas a queimação é tanta que arde até os olhos e os ouvidos ficam como se tivesse havido uma grande explosão muito próximo de mim. Os arrotos queimam tanto que dá a impressão de que se eu cuspir, uma cratera se abrirá no chão. É inacreditável o grau de acidez. E com a acidez vem o acúmulo de gases e com os gases vem tudo que não presta. A barriga (ou abdômen) endurece, parece que infla e o mal-estar é geral, com cefaleia (dor acima do olho esquerdo), fraca, mas insistente e duas das maiores desgraças de toda essa odisseia: o coração fica maluco - ou vai a 300 batidas por minuto ou bate tão fraco que parece não haver mais coração dentro do peito e a segunda desgraça é o sufocamento causado pela respiração que fica curta. Simplesmente não consigo respirar fundo, daí vem aquela sensação ‘maravilhosa’ de que vou desmaiar ou de que a morte está me puxando pelo braço e dizendo: é isso aí, gente fina, sua hora chegou. É tão ruim a sensação que, no desespero, eu digo a mim mesmo: morre logo, desgraça! Só melhora quando os gases começam a sair ou por arrotos ou por liberação pelo escapamento de baixo em sonoros peidos. É impressionante, mas se os gases começam a sair é como se todo o mal-estar fosse arrancado com as mãos. A dor de cabeça vai sumindo e em pouco tempo tudo volta ao normal, e é como se nada tivesse acontecido. Mas enquanto o mal-estar permanece eu passo um bom tempo no inferno. O que experimento nesse intervalo não desejo ao meu pior inimigo. Ficaria com pena dele. O que eu sinto na passagem do mal-estar para o alívio pode ser traduzido pela imagem do céu que num momento está preto de nuvens e dali a pouco está limpo e o sol brilha.

Lá pelos idos de 2008, consultei mais um doutor, especialista em cirurgias do estômago, com quem cheguei a fazer exames pré-operatórios para a cirurgia do refluxo. A partir dos exames concluiu-se que não era caso de cirurgia porque o meu refluxo era apenas esporádico ou eventual, o que não indicava uma cirurgia. Além do mais, meu refluxo era diferente do que acomete outros pacientes, que simplesmente acordam no meio da noite afogando no próprio vômito. Ou seja, no caso deles é a comida que não fica no estômago. No meu caso, o refluxo é do ácido que deveria agir no estômago para digerir os alimentos, mas como gosta de passear (esporadicamente), conforme mostraram os exames, acabam subindo para o esôfago, indo parar na garganta. E aí começa outra jornada no inferno. É outro tipo de mal-estar, a garganta fica horrível, começo a ter os mesmos sintomas de uma daquelas gripes que chegam para matar: garganta ruim, corrimento no nariz, sensação de febre (sem ter febre), rouquidão, ardência nos olhos e incômodo nos ouvidos. Chego a ficar sem voz em algumas crises. Tudo isso junto também me faz rogar pela morte. O Lanzoprazol conteve um pouco essas crises de refluxo, coisa que o Pantoprazol não conseguiu. O duro das doenças batizadas como crônicas é isso: não matam rapidamente, vão minando a resistência que nós temos ao sofrimento. Por isso não considero covarde a pessoa que tira a própria vida por conta de uma doença dessas. Nesses casos a morte é desejada como um alívio para tudo. Mas como não sou o fã número 1 da morte, estou longe de pensar nisso. Se ela quiser me levar, terá que agir por si mesma. Não vou dar uma mãozinha a ela.


Atualmente o quadro deu uma mudada, as crises de refluxo estão mais espaçadas (esporádicas), graças à ação do Lanzoprazol 30mg (ou até pode ser por conta da associação com o Almeida Prado 38). O medicamento é eficiente também no controle da queimação. Mas como estou falando de uma queimação fora do normal, acabo sofrendo com isso. O problema é que o Lanzoprazol tem me provocado efeitos colaterais indesejáveis: interfere nos batimentos cardíacos, minha barriga parece um balão cheio de ar. Há momentos em que penso que vou sair voando por aí. Fico meio sufocado. Tenho tido muita tontura também. Como tudo isso apareceu depois que comecei a fazer uso do Lanzoprazol (30mg, uma vez ao dia), parece sensato pôr a culpa nele. O Prazol me pareceu ser o ideal. Tive os mesmos alívios do Lanzoprazol sem os efeitos colaterais negativos que este provoca. O problema é que o Prazol some da praça. Não dá pra contar com ele.


Outro sintoma que tem judiado muito de mim é o enjoo. Tem sido constante. Antes as crises de vômitos eram semanais e vinham sempre precedidas de queimação, depois os gases e por fim o acúmulo de comida no estômago, o enjoo e o vômito. E para completar as pragas da caixa de Pandora, a diarreia (soltura do intestino). Então o enjoo só ocorria juntamente com as crises, agora não, é diário, constante. O que tem livrado um pouco minha barra é o remédio nº 38, do Almeida Prado. Excelente no controle e prevenção do enjoo. Tem me ajudado muito porque um dos pontos mais desesperadores das crises estomacais é o tal do enjoo, que antecede os vômitos. Agora, como não tenho enjoo, se sinto que o estômago está lotado e não faz digestão, tomo bastante água para estimular o vômito ou a regurgitação. Tem funcionado bem e tenho conseguido esvaziar o estômago sem sofrer tanto quanto antes. Mas tudo isso graças a esse santo remédio, que acabo de mencionar. Antes de conhecê-lo, sofria muito com a Bromoprida e seus efeitos colaterais.


Algo que surgiu só agora também é uma tontura que já me levou duas vezes ao pronto-socorro. Coincidência ou não, essa tontura surgiu depois que passei a tomar o Lanzoprazol, acompanhado do remédio 38, do Almeida Prado, cuja fórmula já transcrevi. Vou interromper o uso concomitante pra ver se muda o quadro. É uma tontura que vem acompanhada de palidez e opressão no peito. A sensação é de que vou sair do ar, desmaiar, desfalecer. Horrível. É a mesma sintomática das minhas crises de hipoglicemia, porém sem que a glicose e a pressão estejam baixas. Nas duas vezes em que fui ao pronto-socorro minha pressão era de 11/7 e 12/8. E nessa segunda vez, mediram a glicose que estava em 124. Ou esses sintomas estão ligados ao uso dos medicamentos ou são fruto de alguma doença não diagnosticada.

Autodiagnóstico
Como interpreto o funcionamento do meu estômago.

Algumas coisas vejo como anormais. A rejeição do açúcar. Basta ingerir o açúcar que em 5 minutos estou passando mal. Queimo mais que um vulcão, sinto mal-estar e muita, muita irritação, geralmente acompanhada de uma coceira maldita, que parece coçar sob a pele. Você coça e não resolve. Essa rejeição eu acho que seria interessante uma investigação pra ver se não é fruto da hipoglicemia. A origem da minha hipoglicemia está na ausência de enzima responsável pela quebra do açúcar, conforme relato médico. Em função disso, se faço ingestão de açúcar, é como se o mesmo estacionasse no estômago, causando uma queimação fora do comum. Daí surgem todos os sintomas já descritos. Tenho que fazer um estudo para ver se o pão que tenho comido em quantidade significativa não é uma das causas da queimação excessiva. As mudanças climáticas interferem no funcionamento do meu estômago. No calor a digestão é boa, mas a queimação é terrível. No frio, ele simplesmente trava. Eu vou para o jantar regurgitando o que comi no almoço.
Como autodiagnóstico, concluo que meu estômago apresenta duas características: 1 - produz ácido de forma anormal (é preciso avaliar se isso está relacionado à ingestão excessiva de carboidratos) e 2 - tem algum problema funcional. Passa 3, 4 dias funcionando normalmente, mas depois trava geral. Quando não trava, fica provocando enjoos constantes, principalmente nos dias mais frios. Como trabalho em local com ar condicionado em temperatura baixa, acredito que isso também esteja interferindo.

Minha dieta
Entre 7h30 e 8h: Café da manhã
Em torno de 4 fatias de pão com café e margarina. Às vezes substituo a margarina por requeijão cremoso.

10 h: Lanche
1 pão francês ou 6 a 7 bolachas de água e sal com meia chávina (xícara de chá) de café por volta das 10 horas da manhã. Quantidade menor de bolacha não é suficiente para conter a hipoglicemia.

12h30: almoço.
Arroz, feijão, carne (na maioria das vezes cozida), ovo cozido ou frito, legumes, verdura (em menos quantidade porque a verdura de folha às vezes fica parada no estômago – exemplo: couve ralada refogada), tomate, banana in natura ou frita (a frita como controlada porque dá mais queimação), batata frita (esporadicamente).

Entre 16h e 16h30: Café da tarde
1 pão francês e meio acompanhado de café e margarina. Um apenas parece não ser suficiente para conter a hipoglicemia, por isso sou obrigado a comer 1 e mais uma metade. Raramente como dois.

Entre 19h e 19h30: Jantar
Mesmo cardápio do almoço. Casa de pobre e assim: come-se no jantar o que sobra do almoço.

Entre 22h30 e 23h: Lanche para evitar hipoglicemia durante o sono. Quando não fazia esse lanche, sempre acordava no meio da noite com sintomas de hipoglicemia (taquicardia, desfalecimento).
Como 4 fatias de pão de forma com 1 copo (250 a 300ml) de suco de pêssego industrializado (aqueles com embalagem tetra pak).
Quase sempre é o mesmo suco porque é o que menos mal me faz. Os outros todos provocam efeitos colaterais indesejáveis.


Apenas algumas poucas frutas são bem toleradas: ameixa, pêra (desde que não esteja muito doce), pêssego, banana (desde que não passe de uma por dia porque é uma fruta muito doce).
As que o organismo não tolera e quais sintomas estão relacionadas ao seu consumo: laranja, abacaxi, manga, caju, goiaba, tamarindo, acerola - talvez por serem ácidas e conterem ácido ascórbico (vitamina c). São frutas que me causam coceiras (aquela que parece coçar sob a pele, campeoníssima em irritar a gente, cefaleia, queimação infernal e por aí vai. Ocupando uma posição de meio termo está a uva, que eu até arrisco a ingerir por dois ou três dias seguidos. Mas se passar disso, também me provoca um grande mal-estar. Isso tudo não é fruto da minha imaginação. São coisas que você vai constatando. Eu passei um bom tempo me alimentando de suco de uva (aqueles de caixinha) diariamente, e comecei a sentir mal-estar com muita frequência. Parei de tomar, e o mal-estar foi-se embora. O suco de pêssego é o mais tolerado para consumo frequente, mas olha só que interessante. Se faço uso daquele tipo Maguary, que é de misturar na água para um maior rendimento e, portanto, é mais concentrado, passo a sentir o mesmo mal-estar causado pelo suco de uva. Seria o caso de investigar o que, na composição desses sucos industrializados me faz mal. Seria o caso de experimentar o suco in natura pra ver se há diferença significativa.


No campo das “misturas” ou outros alimentos, já aboli da minha dieta:
A abóbora cambotiá (é comer e ter problema), o repolho, a pimenta, alguns derivados da soja (principalmente os associados ao leite), o leite puro e outros que me fogem agora.  

Estão na lista para abolição: a carne moída e a banana frita (que me causam muita queimação), o macarrão (que é de difícil digestão pra mim), verduras e legumes ralados (couve, cenoura etc.) quando não estão bem cozidos, a beterraba, chocolate (mesmo o diet me faz mal), doces de qualquer espécie (que me provocam muita queimação e mal-estar e que foram proibidos por recomendação médica por conta da hipoglicemia) e outros que me fogem agora.   

Sobre a minha dieta, devo dizer que a sigo religiosamente. Vez ou outra como um sorvete sem adição de açúcar, o que faço esporadicamente, porque se o fizer com muita frequência lá está o mal-estar novamente. E aí entra uma questão: será que o fato de comer as mesmas coisas todos os dias (em razão de não ter muita possibilidade de escolha) não pode estar causando um desequilíbrio de vitaminas e minerais, que pode estar na causa ou contribuindo para o mal-estar que sinto? 

Vícios
Sobre vícios o único que tenho é o do café, mas este também está sob razoável disciplina porque se tomado em excesso causa dois efeitos colaterais indesejáveis: 1) contribui para o aumento da queimação e 2) possui cafeína, que é uma substância classificada como hipoglicemiante, segundo estudos que andei fazendo em livros sobre hipoglicemia. Não consumo bebida alcoólica (a hipoglicemia não permite). Para se ter uma ideia, uma taça de vinho, que não deve ter capacidade maior que uns 200 ml é o suficiente pra me deixar num estado de total embriaguez. É de rir, mas é verdade. Cigarro nunca fumei.

Outro fator que pode e creio que esteja na raiz do mal-estar é a falta de descansar de forma adequada o corpo e a mente. Por conta do refluxo, durmo mais sentado que deitado. Se passo dez minutos deitado na posição reta (horizontal), já acordo sufocado e com o refluxo ácido brincando de boi da cara preta com minha garganta. Mais uma vez é de rir, mas é verdade. E a grande verdade é que essa dupla esofagite de refluxo e hipoglicemia fizeram de minha vida um drama, que de tão dramático às vezes descamba para o hilário. Quantas vezes me pego rindo de mim mesmo nos apuros que passo por conta da atuação dessa dupla (rindo pra não chorar, é bom que se diga).

O que tenho além do refluxo e da hipoglicemia
Em 2008, um ultrassom revelou a presença de um nódulo no lobo direito do fígado, diagnosticado como hemangioma. Tenho feito acompanhamento periódico. O nódulo tem crescido, mas sob observação médica.

O psicológico como está?
Sempre fico irritado quando o médico, por não me dar uma resposta satisfatória, joga a culpa no psicológico. "Você aparentemente não tem nada. Eu aconselho procurar um acompanhamento com um psicólogo". Ai eu quero voar no pescoço do cara. Por duas razões: 1) é fácil o cara concluir que o psicológico está interferindo. Nesse mundo cão em que vivemos, quem consegue tocar a vida sem estresse ou com o psicológico em dia? 2) Quando não estou em crise provocada pela dupla hipoglicemia-refluxo, sou uma pessoa das mais serenas. É exatamente esse problema que mexe no meu emocional. Meu humor muda da água para o vinho. Agora, é fácil passar no mínimo 3 dias seguidos com a garganta queimada, ardendo, com pigarro, com mal-estar 24 horas? Isso com muita frequência, não estou falando de uma vez no ano não. É fácil ter a obrigação de comer de 3 em 3 horas quando se está com enjoo e a comida parada no estômago? É de rir, mas é isso que acontece. O estômago está abarrotado de comida e a hipoglicemia está lá com o dedo em riste, esbravejando: “come, fdp, senão vai desmaiar!”. Quantas vezes, meu Deus, o Senhor que é testemunha, eu saio de casa com o intestino solto, cólica, cefaleia e um terrível mal-estar para encarar o trabalho? E olha que eu sou redator publicitário, um cara que vive de despertar sensações boas nas pessoas. Olha que ironia: eu, o campeão do mal-estar, tenho que ser um vendedor de bem-estar nos meus textos (que viram anúncio, outdoor, comercial de TV etc). Eis o meu drama, a minha odisseia. Então não dá pra dizer que é emocional ou psicológico o que tenho. Definitivamente não é.