segunda-feira, 4 de julho de 2022

Uma questão de enzimas.

6 anos e 8 meses sem dar as caras por aqui. 

Se tenho novidade? Claro. Então vamos retomar. Nas últimas postagens falei de uma crise semanal de vômito e diarreia e dos novos medicamentos  que passei a usar pra aliviar um pouco meu sofrimento. Porém, parece que esqueci de mencionar um, o dorflex, que depois substituí pelo Miorrelax, alternando com o nevralgex, ambos relaxantes musculares.

Quem vem seguindo minhas postagens sabe que a tal crise sempre começava com uma cefaleia, uma dorzinha maldita acima do olho esquerdo. Quanto ela pintava pela manhã, meu dia estava perdido. Um belo dia, meio que por acaso, experimentei tomar um comprimido de dorflex junto com o café da manhã. Como é o tipo de medicamento que meu estômago não aceita quando tomo antes ou após as refeições, passei a tomar no meio do café. Foi tiro e queda. A cefaleia fez as malas e nunca mais tive notícias dela. E pra minha alegria, levou a tal crise semanal na bagagem. Mas depois, vocês já sabem, surgiu a tal dor abdominal que me transformou em atleta da madrugada e visitante assíduo de pronto-socorro.

Mas onde está a novidade? 

Pois é, a novidade é que depois de uns 3 anos tomando o medicamento Codaten para a tal dor dos infernos, fiz outra descoberta. Essa então de descolar o rego da bunda, como diz o Chico da Tiana, do humorístico Reclamação do Dia. Vocês devem se lembrar do caminhão de exames que fiz na tentativa, sem sucesso, de descobrir a causa da referida dor. Pois bem, um belo dia, apareceu uma inflamação no final do intestino, lembrando uma hemorroida. Fui a um proctologista e ele diagnosticou como sendo uma tal de papilite. Enquanto ele me receitava antibiótico e anti-inflamatório para resolver o problema, eu comentei sobre a dor abdominal e falei de todos os exames que fiz, as várias endoscopias, os vários ultrassons etc. Ele então me sugeriu um exame de intolerância à lactose. Eu não dei muita bola, mas o que é um peido pra quem já está cagado? Um exame a mais não ia me matar, não é mesmo? Fiz o tal exame. Deu positivo. Ele então me receitou a enzima lactase, que deveria ser tomada uns 15 minutos antes de qualquer refeição que contivesse produtos derivados do leite.

 Eu comprei uma caixinha da tal enzima e tomei alguns comprimidos, mas como não vi muita praticidade em ficar tomando aquilo, deixei de lado e segui minha rotina de tomar meus remedinhos que tinham acabado com as crises gastrointestinais e aliviavam bem a dor abdominal. Eu tomava Miorrelax no café da manhã, naproxeno (analgésico e anti-inflamatório à tarde) e o Codaten antes do jantar, lá pelas 8 e meia, 9 da noite. Eu janto tarde pra burro. Acho que já expliquei aqui porque mudei meus horários de refeições. O problema é que nenhum desses medicamentos atacavam a causa do problema, o que provocava o famoso efeito rebote.

Como o Codaten é um medicamento vendido apenas com receita especial, eu fui ficando aborrecido com o fato de ter que recorrer a um médico pra pegar receita toda vez que o danado acabava. Um saco! Além disso, era um questionamento constante: “Mas você ainda tá tomando o Codaten? Vai destruir seu fígado!”. É que o Codaten tem na sua fórmula o fosfato de codeína e o diclofenaco, esse último declarado inimigo número 1 do fígado e dos rins. E um dia, após tomar o Codaten, passei mal e fui parar no Pronto-Socorro. Acho até que não foi por causa do medicamento, mas sim por conta de pressão alta. Mas com o susto, eu então passei a tomar o Codein 30 mg, que além da dose menor de codeína, não continha diclofenaco.

Fui seguindo assim minha vida, até que um dia surge a tal da Covid-19, e eu, é claro, peguei o troço. Passei doze dias com diarreia. Aí a coisa bagunçou. A doença afetou meu metabolismo, e medicamentos que não me faziam mal nenhum, viraram uma tormenta. Até o relaxante muscular virou problema.

 Foi aí que, num belo dia, assim, do nada, me lembrei da tal enzima lactase. Pensei: se todo medicamento agora vai me foder, bora fazer uma experiência com a tal enzima. Fui na farmácia e comprei uma com a dosagem de 10.000 FCCs. Tomei por uns 5 dias e, gente, eu juro por tudo que é mais sagrado, a dor abdominal foi diminuindo gradualmente. Uns 7 dias depois, desapareceu por completo. Isso mesmo. Tive um probleminha com a dosagem da lactase, acho que por conta da hipoglicemia. Por quê? Como a lactase faz o organismo absorver a lactose e a mesma se transforma em glicose, acho que isso passou a interferir na glicemia, provocando alguns efeitos colaterais indesejáveis. Mas como vi que a enzima estava funcionando para a dor, fui à farmácia e comprei a Lactosil, agora com 4.000 FCCs, menos da metade da dosagem inicial. Acertei na mosca. Com apenas um comprimido ao dia, a dor desapareceu e os efeitos colaterais da lactase também. É claro que, vez ou outra, quando exagero no pão de queijo, margarina ou manteiga de leite, a enzima não dá conta e a dor volta, mas nunca naquela intensidade de antes. Aí eu tomo o Codein e tá resolvido. Mas isso só muito de vez em quando mesmo.

Resumindo: hoje estou livre das crises gastrointestinais e da dor abdominal e devo isso à Lactosil (enzima lactase) em combinação com outros medicamentos que uso para acidez e os gases. São eles: Prazol em jejum, medicação manipulada. Um composto, também manipulado, contendo Cimetidina, Dimeticone e Domperidona antes do jantar. Esporadicamente, tomo Miorrelax e Codein para dor e Naxotec (Naproxeno) para dor e inflamação. Vale destacar a ação eficiente da Dimeticone na liberação dos gases, o que é importante porque o uso da lactase libera muitos gases.

Conclusão a que chego: todo o inferno que percorri tinha como causa a intolerância à lactose. E aí vejo que todos os males do meu organismo se resumem a enzimas. Sofro de hipoglicemia porque me falta a enzima que quebra o açúcar e padeço com a lactose porque falta a enzima que a processa no intestino. MAS E O REFLUXO? O refluxo, coitado, que foi tratado como vilão da história, está longe de ser protagonista. As verdadeiras protagonistas, tanto para o bem quanto para o mal, são as megeras das enzimas.

Sobre os gases, o que aprendi? Se o açúcar não é quebrado, ele fermenta no intestino. Fermentando, provoca gases, que por sua vez provocam dor, se não expelidos. A lactose não absorvida também fermenta e provoca gases, logo, as dores. Então vejo que a famigerada dor abdominal, que me custou centenas de noites mal dormidas, tinha como causa o excesso de gases acumulados no intestino.

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